terça-feira, 4 de agosto de 2009

Abrindo um caminho largo

Abrindo um caminho largo

Por Jhonatan Almada

No Maranhão assim como em algumas províncias do Norte/Nordeste a adesão à independência do Brasil foi tardia. A consequência prática na nossa formação política é que "no Maranhão talvez só exista governismo" (CORREA, Rossini. Os Marannhenses. São Luís: IMESC, 2008 - Cadernos IMESC, 1).

Longe de ser um fatalismo a análise exige dos contemporâneos prova em contrário. O lançamento hoje do site "Maranhão - Gabinete da Resistência" é um passo no mundo oceânico da internet com significado a construir no âmbito local e regional, dado que a praga das oligarquias não é exclusiva do nosso Estado. A diferença do nosso processo histórico é que o oligarca local quando da redemocratização foi alçado a Presidência da República e por conseguinte impediu que os ventos de 1988 lufassem aqui.

De fato se espera muito da nova geração de políticos maranhenses. Primeiramente, a coragem de ser oposição. Sustentar posição inequívoca quando fora dos lances do Palácio e das facilidades do poder. Em segundo lugar, sustentar num crescendo mobilização social e popular permanente para garantir a alternância do poder, o quarto grande obstáculo ao desenvolvimento maranhense: ladeado pela concentração econômica, centralização do Estado e destruição da capacidade estatal das últimas cinco décadas.

Existem grandes teses em nossa academia sobre a formação política do Maranhão. Das origens históricas às tentativas de explicações para a conformação atual. Permanece em aberto o debate sobre como desconstruir o status quo oligárquico.

As explicações usuais afirmam que a política local é determinada a partir da influência dos grupos dominantes no centro do poder nacional - a idéia de que a política regional era decidida no Rio de Janeiro e logo depois, em Brasília.

Num raciocínio linear basta então atacar a influência do grupo local dominante (a grande família política dos Sarney) no núcleo do poder, assim as bases teriam condições de conquistar sua autonomia ou liberdade em autodeterminar-se.

Será que isso basta? Não é mais profunda a questão? Não se pode negar o significado simbólico da luta por um Maranhão democrático e livre, digo mesmo por um Brasil livre das oligaquias decadentes e retrógradas - da retirada dos nomes da choldra sarneisista das fachadas dos prédios públicos da capital; assim como do significado concreto da verdade dos fatos sobre o líder do clã, José Sarney, posta aos olhos nus da federação brasileira.

Uma singela idéia interessante para nós e pósteros é organizar um livro com o título provisório de "Deslindando Sarney" onde reunissemos todos os textos e análises que o concerto nacional produziu nos últimos meses, será manual fundamental para educação política numa democracia de fato.

O trabalho é longo e complexo. Para ele só trago uma certeza - a de que o caminho não se faz só e que juntos teremos de abri-lo. Como disse o poeta:

"Haciendo un camino largo,
Largo hasta ver el mañana,
Toda esta tierra temprana
Que se quiere levantar
Mañana va a despertar
Sin ver sus días amargos"
(Pablo Milanes)