quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Risco político, economia e democracia

Risco político, economia e democracia

De uma forma direta, os governos têm o papel de promover os interesses de um país, estados ou municípios, por inúmeras razões e objetivos. Quando se fala em atração de investimentos e, a inserção de um país em uma economia de mercado, os grandes grupos econômicos relevam três pontos primordiais: segurança nacional, desenvolvimentos de novos setores e a proteção de setores em declínio. Nesse sentido, a estabilidade e a instabilidade das políticas governamentais são fatores políticos de primeira ordem na tomada de decisões na implantação de investimentos de grande porte, investimentos estes que mudam a realidade econômica de uma região, por alterar positivamente duas variáveis econômicas importantes: renda e consumo.

Governos podem mudar, novos partidos podem ascender ao poder e até mesmo a implementação de um sistema político pode acontecer, o que a economia de mercado não aceita é a instabilidade democrática. Tomemos como exemplo nosso vizinho latino americano, o México. De 1929 até o fim da década de 90 nosso vizinho viveu sobre a tutela do mesmo grupo dominante, a do PRI (Partido Revolucionário Institucional), sendo as eleições mexicanas uma simulação de uma aparente democracia. O fardo do PRI deixou o México à margem do desenvolvimento econômico que tomou impulso no ano 2000 com o fortalecimento da democracia e com alternância de poder. Ainda, na América Latina, há um caso de sucesso, o Chile. A democracia chilena é hoje um exemplo à região. O Chile pós Pinochet aprendeu com os erros do passado, fez a lição de casa e o desenvolvimento econômico bateu a sua porta, com crescimento de 7% ao ano. A chegada ao poder da Presidente Bachelet em 2006 reforça a estabilidade política do Chile, onde jamais se imaginava que uma socialista chegasse ao poder a uma década atrás.

Analogicamente, o Maranhão vive uma instabilidade política que pode prejudicar o desenvolvimento regional. Desde que o atual governador assumiu o passado tenta voltar. O passado pode querer voltar, mas da forma correta, pelo sufrágio universal. Sendo a democracia o regime que o povo tem poder de tomar decisões elegendo seus representantes, a vontade de seu povo deve prevalecer. Se o atual governador ai esta, foi pelo amadurecimento do sistema democrático e a escolha foi feita por cada um dos cidadãos maranhenses. Tentar tira-lo por força de um tribunal é colocar em risco um processo de transição politica que ocorre no estado. Salvo lembrar que não existe desenvolvimento econômico com o desrespeito a democracia. A incerteza politica que o Maranhão vive é subjetiva e especulativa, entretanto interromper o ciclo democrático coloca em cheque a confiabilidade do Maranhão e seu nível de risco politico aumenta significativamente. De uma forma mais clara, risco político provém de uma mensuração comumente objetiva, resultando em uma estimativa probabilística da incerteza política. Ao analisar-se as ocorrências probabilísticas de um evento político em um dado país, estado ou região ocorre à conversão de uma incerteza política em um risco político. Neste processo de conversão de incertezas em riscos políticos é que surge um mecanismo objetivo de avaliação de quando e onde grupos econômicos podem investir ou não. A confiabilidade do estado maranhense esta nas mãos de seu próprio povo, que não deve se anular quando da tentativa da interrupção do processo democrático. Não se deve deixar o passado voltar por vias que não sejam pela escolha popular. Que o Maranhão não se transforme no México do passado e sim em um Chile do presente. A vontade expressada nas urnas é soberana.

Diogo Moura,
especialista em relações internacionais, mestrando em gestão empresarial