quinta-feira, 9 de abril de 2009

GOLPE NUNCA MAIS

GOLPE NUNCA MAIS

NEM UM MINUTO DE SILÊNCIO, COM DIREITO A MEMÓRIA E VERDADE


Sabíamos todos, que tem o mínimo de discernimento do desafio e processo histórico desse país, que a mídia burguesa, falada, escrita, televisada (exceção a TvBrasil/Tve) não iria ventilar sequer uma linha do famigerado e abominável golpe militar no dia 31/03/1964 completados exatos 45 anos na terça feira, mas nós ativistas sociais do campo e cidade, militantes de direitos humanos, sindicalistas, balaios, não podíamos silenciar em respeito a MEMÓRIA E A VERDADE DOS VIVOS E MORTOS, muitos deles “desaparecidos”, presos , torturados , humilhados, para citarmos apenas três MANOEL DA CONCEIÇÃO, MARIA ARAGÃO, VLADIMIR HERZOG. Compartilhamos com o companheiro professor Paulo César Carbonari do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), que nos ensina que este país ao longo da história fez opções pela desigualdade, pela violência, pelo esquecimento, e pelo silêncio. E é isso que devemos enfrentar. E como dizia a carta de Brasília do dia 18 de agosto de 2007, não podemos ser meros expectadores passivos da história que nos contam ou na qual querem nos fazer acreditar. Somos é sujeitos que fazem a história como luta pelo reconhecimento e resistência, como dizia Paulo Evaristo, CARDEAL ARNS, Arcebispo metropolitano de São Paulo na época mais dramática do golpe militar no prefácio do livro BRASIL NUNCA MAIS, todo ele escrito com sangue e com muito amor.

Diz não há ninguém na terra que consiga descrever a dor de quem viu um ente querido desaparecer atrás das grades da cadeia, sem mesmo poder adivinhar o que lhe aconteceu. O “desaparecido” transforma-se numa sombra que ao escurecer-se vai encobrindo a última luminosidade da existência terrena.

O que é especialmente intolerável nos dias de hoje é que , justamente quando a maioria dos povos subscreve o reconhecimento e defesa dos Direitos Humanos e a Dignidade do ser Humano, esses direitos estão sendo mais flagrantemente suprimidos e violados no mundo inteiro e em especial no estado do Maranhão.

Estado que orgulho-me de ter nascido e crescido dois anos antes da imposição do regime militar, sou filho de pais pobres,simples mais dignos dessa capital cognominada Ilha rebelde, Patrimônio da Humanidade, Atenas brasileira, Jamaica brasileira, da cultura, mais com muitos parentes,como Bibi Geraldino poeta, como o pai de criação da minha mãe, o saudoso militante Elesbão de Almeida, carinhosamente chamado de Papai Lelé, amigo muito próximo de Maria Aragão ambos perseguidos pelo exército e policias da ditadura.

Cresço sem a devida compreensão que tenho hoje, ao completar meus quatro anos de nascimento, que àquela década , anos 60, ascenderia o regime militar e ao poder do nosso estado o último oligarca em decadência do século XXI do nosso país, José Sarney, assumindo o governo do Maranhão em 1966 “ Maranhão Novo “ e sucedendo-se por quase meio século, num pseudo rompimento com o Vitorinismo, como tão bem traçou a estudiosa da UFMA Maria de Fátima da Costa Gonçalves no seu livro intitulado A REINVENÇÃO DO MARANHÃO DINÁSTICO, que nos aponta como a chamada “ Geração de 50” pensou o estado e de que modo o projeto coletivo que idealizou para o Maranhão foi convertido em projeto pessoal por Sarney e mais que os discursos, as práticas e os atos oficiais no âmbito do projeto chamado “ Maranhão Novo” estão referidos a uma realidade que é o Maranhão. Essa realidade aparentemente dada está naturalizada e incorporada como tal pelo mundo savant e legitimada pelo senso douto ( BOURDIEU-1989 ) como sendo irrefutável. No entanto, nesses discursos está implícita a construção de uma realidade por critérios arbitrários. Essa realidade é legitimada pela posição de quem fala sobre ela nos domínios de poder adscritos na cena política e na esfera burocrática.

Por tudo isso e para que não se perca na memória e na verdade dos brasileiros e dos homens e mulheres livres desse estado, que o Comitê de Defesa da Democracia no Maranhão e contra o golpe, mobiliza, acampa no palácio, marcha mais de 120 km de Itapecuru Mirim ( cidade onde morreu Negro Cosme ) à São Luis, despertando ao longo desses meses a consciência de muitos lutadores simples, espoliados, desempregados, mulheres e homens, somando-se a que disse o governador Jackson Lago no ato do dia 31/03/2009 contra o golpe e pela democracia, na praça Deodoro, é hora de refletirmos entre nós e em todos os lugares o momento especial em que o Maranhão atravessa e que o Brasil e o mundo estão de olho nessa aberração que é anular,cassar os votos legítimos dados nas urnas no dia 29/10/2006 pela maioria dos maranhenses(cidadãos eleitores) para na marra e numa tentativa de golpe pela via judiciária empossar a filha do senador Amapaense, Roseana Sarney Murad como governadora biônica do Estado. Os maranhenses de bem não podem aceitar calado isto ou fica o governador Jackson Lago com todas as contradições do seu governo ou teremos outra eleição direta ou indireta conforme preceitua a Constituição Federal e a Legislação eleitoral, nem um passo atrás para garantirmos o direito a memória e a verdade e não deixarmos que voltemos a ser governados pela coligação Roseana Sarney Murad e João Alberto tão bem intitulada “ MARANHÃO A FORCA DO POVO “ ( SEM AS ASPAS E A CEDILHA DO C )

A brava gente maranhense sabe que a crise para todos nós tem dose dupla e é grave diante da tentativa de golpe contemporâneo, e não poderá se curvar diante da vontade de Zé Sarney, temos assim uma enorme responsabilidade como militantes sociais de alertar aos maranhenses a sua gravidade numa época em que lembramos para não se repetir os 45 anos do golpe militar.


Raimundo César de Souza Martins
Servidor público estadual
Conselheiro Estadual de Defesa dos Direitos Humanos
Militante do Partido Socialista Brasileiro-PSB/Ma.
Economista


São Luis, 06 de abril de 2009